Retalho: Portugal registará em 2025 a maior subida em vendas na Europa
O mercado português deverá fechar o ano com o maior crescimento a nível de vendas a retalho no continente europeu, estimando-se uma subida de 4,8%, que supera o Luxemburgo (4,4%) e a República Checa (4,1%). De acordo com o European Retail Report 2025 da Savills, a descida da inflação e a manutenção de níveis de poupança elevados têm apoiado a retoma progressiva das vendas do comércio a retalho na Europa, depois de cinco anos com um crescimento médio de apenas 0,8% devido aos efeitos da pandemia.
Para 2025, a Savills estima uma expansão média real do retalho europeu de 2%, projetando já 2026 com um crescimento de 1,7% e 2027 com 1,9%. Estes valores aproximam-se dos níveis antes do Covid-19, com mais estabilidade e com os consumidores mais seletivos e valorizando a relação qualidade-preço. O crescimento médio das vendas no comércio a retalho a nível europeu deverá situar-se pelos 1,8% ao ano até 2030.
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Impulsionado pela resiliência do consumo interno, dinamismo turístico e melhoria do rendimento disponível, o mercado português de vendas a retalho destaca-se no contexto europeu, somando ainda fatores como a atratividade crescente das cidades e a oferta qualificada no retalho, enquanto países como a Alemanha (2,7%), França (2,3%) e Reino Unido (0,8%) mantêm trajetórias mais contidas. Já o mercado italiano deverá registar uma ligeira contração de -0,1%.
“Como tem sido recorrente nos últimos anos, o turismo é um dos principais motores de crescimento do setor de Retalho em Portugal. Este estudo demonstra ainda que as alterações socio-demográficas, em curso na Europa, terão um impacto direto na atividade comercial, e serão determinantes para o aparecimento de novos conceitos e formatos de retalho”, explica, em comunicado, José Galvão, Head of Retail da Savills Portugal.
“O turismo é um dos principais motores de crescimento do setor de Retalho em Portugal”, José Galvão, Head of Retail da Savills Portugal.
Segundo a consultora especializada em imobiliário, a subida do rendimento per capita e a acumulação de riqueza vão funcionar como amortecedores à prevista redução da população na Europa já a partir de 2028, prevendo-se uma perda líquida de seis milhões de residentes até 2050. Além disso, o turismo também terá um grande peso no desempenho do retalho neste continente, uma vez que a Europa se mantém como principal destino turístico do mundo, com as projeções a apontarem para um aumento de 8% nas entradas de estrangeiros em 2025, o que representa um maior tráfego e mais vendas nas principais zonas comerciais.
Savills
No que respeita a rendas prime, estas têm tido uma valorização média de 8% desde 2022, com os segmentos de luxo a liderar nas principais ruas comerciais com aumentos de 14%. O ‘mass market’ aproxima-se dos 9%, enquanto os centros comerciais e ‘retail parks’ têm crescimentos a rondar os 4%. Neste último ano, as rendas em ‘highstreet’ nos centros comerciais cresceram 2,5% e 0,5% nos ‘retail parks’.
A nível de investimento, o retalho apresenta volumes estimados de aproximadamente 35,5 mil milhões de euros este ano, uma subida de 5% face a 2024, com os ‘retail parks’ a liderar o número de transações, seguindo-se os centros comerciais. Já as localizações prime registaram menos operações, algo que se justifica pela falta de disponibilidade de ativos.
Londres, Paris, Milão, Madrid e Amesterdão estão entre as principais plataformas privilegiadas para a expansão de retalhistas globais, com o estudo da Savills a identificar ainda uma nova vaga de marcas internacionais, especialmente nos segmentos de desporto e ‘athleisure’, saúde e beleza, restauração e lazer.
O European Retail Report 2025 prevê também o reforço do foco na requalificação e otimização de ativos existentes durante os próximos cinco anos devido à oferta limitada de novo stock, assim como o foco na flexibilidade de usos e na integração de critérios ESG, por parte de ocupantes e investidores.

